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EUA dizem suspeitar que China esteja conduzindo testes nucleares 'irregulares'

Segundo investigação do Wall Street Journal, Departamento de Estado acredita que Pequim possa estar violando regras internacionais, o que governo chinês nega.



WASHINGTON — O governo dos EUA lançou suspeitas sobre as atividades da China em um local notoriamente conhecido por abrigar uma base de testes nucleares, Lop Nur , na província de Xinjiang. Segundo reportagem do Wall Street Journal, publicada nesta quarta-feira, o Departamento de Estado acredita que o país não esteja cumprindo as regras do Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares que, como o próprio nome diz, veta a detonação de artefatos nucleares em que haja liberação de energia.


Em tese, o país pode realizar experimentos com ogivas, desde que não haja uma detonação. Segundo o jornal, citando fontes da inteligência dos EUA, alguns fatores sugerem que os chineses possam ter violado as regras. A publicação cita "a preparação para usar o local de testes de Lop Nur durante o ano todo, o uso de câmaras de contenção de explosivos, escavações no local e a falta de transparência sobre as atividades", neste último caso se referindo à interrupção do sinal de transmissores da Agência Internacional de Energia Atômica. Os EUA dizem que as explosões podem ser de "pequena intensidade".
Em entrevista ao jornal, uma porta-voz da agência disse que "não houve interrupção das cinco estações de monitoramento desde agosto de 2019, depois de uma interrupção iniciada em meados de 2018. As suspeitas dos EUA recaem sobre as atividades conduzidas ao longo do ano passado.
O governo chinês negou que esteja realizando atividades nucleares irregulares e disse que respeita a moratória de testes acordada no tratado internacional.

Negociações

Segundo um funcionário do governo dos EUA, ouvido pela agência Reuters, as alegações devem ser usadas pelo presidente Donald Trump para tentar convencer Pequim a participar de um novo acordo sobre armas nucleares, que substituirá o texto atual, o Novo START , assinado com a Rússia em 2010.
Esse tratado limitou o número de ogivas nucleares operacionais de Rússia e EUA em 1,55 mil — estima-se que os chineses possuam "algumas centenas" de ogivas, mas com capacidade de produzir até 1,5 mil por ano, segundo estudo publicado recentemente pela Universidade Harvard . No começo do ano, antes da pandemia do novo coronavírus dominar as atenções de governos ao redor do planeta, o presidente russo Vladimir Putin lançou a ideia de uma reunião com os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França) para discutir o controle de armas. Donald Trump concordou, e a ideia inicial era realizar a reunião em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU.
— O ritmo e a maneira como o goveno da China moderniza seu arsenal é preocupante, desestabilizador, ilustrando os motivos pelos quais o país deve ser trazido ao modelo de controle global de armamentos — afirmou o funcionário do governo dos EUA à Reuters.
No ano passado, os EUA fizeram o mesmo tipo de acusação sobre a Rússia. Em discurso feito em maio de 2019, o tenente-general Robert Ashley, disse que os russos "não estavam cumprindo a moratória de testes nucleares"
Em resposta, o então presidente da Comissão de Defesa da Duma, Vladimir Shamanov, a Câmara baixa do Parlamento russo, disse que as declarações eram "irresponsáveis".
— Esse tipo de declaração revela que o profissionalismo dos militares nos EUA está caindo de maneira sistemática — afirmou à agência Interfax.


O Globo

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